quarta-feira, 27 de outubro de 2004

FunFla, um debate necessário - Parte I

Criar uma Fundação de Amparo ao Flamengo, uma FunFla, parece-me o caminho mais viável para começar a virar o jogo. Cabe ressalvar que não sou pai da idéia, muito menos estou sendo original em alguns dos diagnósticos a seguir. Além disso, o debate já existe em pelo menos um fórum reservado de um grupo de rubro-negros descontentes com a alarmante decadência em que o clube foi mergulhado ao longo dos últimos anos.

O fato é que uma fundação, enxuta, bem administrada, com credibilidade, tem condições de dar início a um processo de recuperação do clube em todos os níveis - patrimonial, esportivo, histórico-cultural. Hoje, qualquer programa gerado pela própria instituição estaria sujeito a ter os recursos auferidos bloqueados pelo imenso contigente de credores - de ex-atletas a ex-treinadores, de fornecedores a ex-funcionários.

Para isso, imaginamos que a FunFla - um nome apenas hipotético - deva ter o respaldo de personalidades acima de qualquer suspeita, que acreditem no projeto e na integridade das pessoas diretamente envolvidas. Isso passaria, claro, por um nome fundamental: Arthur Antunes Coimbra.

Entendemos também que a mola propoulsora para esse tipo de organização seja uma meta-síntese, algo como um novo estádio ou um moderno centro de treinamentos, fatos capazes de mobilizar a torcida a contribuir financeiramente para a realização de um objetivo concreto, palpável, que, uma vez concretizado, seria doado ao clube somente quando este resolvesse suas pendências financeitas.

A concretização de um fato novo, aliado a uma série de outras medidas estratégicas, certamente poderá representar o início de um novo ciclo para o clube - como aconteceu ao Atlético-PR, que teve um evidente salto qualitativo assim que construiu a Arena da Baixada e seu elogiado CT.

A direção da FunFla, claro, teria que ter independência em relação ao clube, com autononmia para determinar prioridades. Prioridades que podem não ter relação direta com os gramados - o Flamengo hoje não dispõe de um Museu que faça jus a sua história. Um espaço mais atrente do que a simples exposição de taças.

É imperativo, também, que qualquer análise considere que o potencial inicial de mercado do Flamengo não é de 33 milhões de consumidores. É preciso ter foco no público a ser atingido, direcionando iniciativas para aqueles que têm alguma renda para investir.

Para atingir as metas, vejo como possibilidade a divisão em cotas, como no mercado financeiro. Ou seja: digamos que a construção de um CT custe 10 milhões de reais. Este montante seria dividido em 1 milhão de cotas, a serem vendidos como títulos. A contrapartida possível seria um certificado de contribuição - "Eu ajudei a construir o 'CT Dida' do CRF". De acordo com o volume de contribuição, esse certificado poderia ter graus diferenciados de importância, para qualificar quem doou mais. Que rubro-negro não gostaria de colocar um quadro desses na parede?

Antes que façam críticas a questões operacionais da idéia, sugiro que pensem-na como um ponto de partida, pronto a ajustes e adequações, principalmente no que se refere a valores.

Correta, isso sim, deve ser a consciência de que o amor ao Flamengo exige de todos nós formular/apoiar saídas racionais para que o clube consiga nos campos a desejada reciprocidade.

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