sábado, 14 de agosto de 2004

Volta para casa

O que todos pediram, aconteceu. O Flamengo está de volta ao lar e logo para enfrentar um dos maiores rivais. Quando entrar em campo nesse sábado para pegar o Grêmio, o Flamengo estará começando a provar, ou não, que se mudar para Volta Redonda foi um mau negócio. Se vencer, logo se apressarão em dizer que não deveríamos ter saído do Rio nem por todo o dinheiro do mundo. Se perder, já dirão que o campo não tem culpa e que o time é isso e aquilo.

Por mais que o Flamengo tenha feito boa campanha no ano passado jogando em casa, com um time na minha opinião inferior ao de hoje, isso foi no ano passado quando tivemos técnicos muito superiores aos deste ano, por exemplo. Mas será que foram os técnicos os responsáveis? Acho que não. Acho que foi apenas uma fase. Tanto que nos jogos fora do Rio, só ganhamos o primeiro e o último. Mas ainda assim chegamos em oitavo. Terá sido mesmo o fator Maracanã que pesou?

Mesmo com os bons resultados caseiros, houve vexames ou alguém esqueceu as derrotas para Figueirense, Fortaleza, e Paraná com piriri? Foram apenas quatro derrotas (essas mais a do Santos), mas que ocorreram em circunstâncias tenebrosas. Isso só em 2003. Nos outros anos, cruz-credo. Mas ainda assim, um rendimento melhor do que o desse ano. Porém, fora de casa, foi deprimente, tal como agora. Será que o problema é viajar então? Em 2004 é viagem todo fim de semana, seja para jogar no Rio, desculpe, Volta Redonda, ou em outro canto do Brasil. Viagem faz mal ao time. Mas o Flamengo já jogou três vezes contra no Maracanã nesse brasileiro. Três clássicos e não ganhou nenhum, sendo que no ano passado, venceu todos. E os clássicos foram contra pelo menos dois times que o Flamengo trucidou no estadual.

O problema o campo de VR? Os jogadores reclamam de dimensões, de falta de espaço, de falta de apoio da torcida... No Estadual, jogaram contra o Cabofriense na casa deles e ganharam, mas depois empataram com o Friburguense no gigantesco Maracanã. Aí perderam para o América em Edson Passos e depois golearam o Madureira em...Edson Passos. No segundo turno, já classificado para a final e sem Felipe, sofreu com Bangu, Olaria e Americano em campos pequenos, ganhou da Portuguesa, em campo minúsculo e perdeu para Botafogo (com Felipe) e Vasco no gigantesco Maracanã. Mas, nas finais, quando valia de verdade, ganhou com sobras. Será então que o Flamengo só joga quando quer? Contra o Vasco era final e jogou muito. Contra o São Paulo, tinham recebido dim-dim e jogaram muito. Contra o Santo André era final, era garantia de bom dinheiro e não jogaram nada.

Na Copa do Brasil fez ótima campanha jogando no Maracanã, mas perdeu o jogo fatídico, num campo enorme, para um time pequeno, ridículo, ínfimo. Mas será que o Flamengo não queria jogar a grande decisão? Acho difícil. Mas, se o problema não é campo, já que o time perde e ganha (perde mais que ganha ultimamente) jogando em casa (fora só perde), não é o Felipe, já que o Flamengo venceu duas sem ele nesse brasileiro, não é dinheiro, em vista que mesmo, com boas perspectivas de grana, o time não deslancha, o que será?

Eu continuo batendo na mesma tecla. O time é ruim. Pode mudar o campo, pode jogar no sol, na chuva, Volta Redonda, Maracanã, Maconhão*, que o time continuará sendo fraco. Torcida não falta, jamais, mas só isso não basta. Três decisões de Copa do Brasil, duas em casa, já demonstraram isso, embora ainda exista que teime em pensar o contrário. Mesmo com um time fraco, o Flamengo já superou adversidades e já saiu de vários buracos, em alguns casos alcançando o topo. Mas eram times com vontade ou pelo menos, um pouco de técnica. Esse Flamengo atual tem um zagueiro-maluco, um lateral esquerdo sem mínima noção de marcação, um coroa que em forma ajuda muito, mas tem que estar em forma e um craque que só pensa na Europa. Some a isso um técnico recém-promovido da função de estagiário e uma diretoria que demorou 23 jogos, para pagar dois meses de salários.

Mas agora voltamos para casa e nada melhor do que enfrentar um adversário tão fraco quanto, para alimentar a ilusão de que o problema é o campo de Volta Redonda, o tabu da Vila Belmiro, o frio de Curitiba...

Flamengo, vença! O apoio de fora existe e é real, mas o time tem que SE ajudar.

*Maconhão é um campo de pelada que fica aqui no Humaitá, onde moro. Pelo nome, você imaginar o nível do campo e do futebol nele praticado.

Flamengo Net

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