Do tempo em que ele era pouco mais que um carregador de balizas
Li no Olé, principal diário esportivo argentino, um texto em que um comentarista local credenciava o brasileiro Adriano Leite Ribeiro como um dos cinco mais letais atacantes do planeta, no momento. E o argentino, um analista conceituado, escreveu isso antes da final de ontem. Ele deixava claro que temia Adriano. E com razão: Scooby, seu apelido, fez simplesmente um golaço salvador quando o juiz já preparava o apito final.
O fato é que não há como assistir ao sucesso desse novo fenômeno sem sentir amargura e raiva. Não só de Edmundo Santos Silva, que o negociou. Mas de todo o sistema que impede o amadurecimento na Gávea de alguém que, para ser lapidado, só precisava de tempo e atenção. Sua trajetória no Fla foi muito instável. Não tenho todos os números, mas atualmente parece humor negro lembrar que Adriano foi reserva de ... Roma (!).
A última partida do atacante pelo Flamengo, se minha fonte estiver correta, foi em 21 de julho de 2001, na vitória de 2 a 0 sobre o Nacional do Uruguai, pela Copa Mercosul. O jogo foi no estádio Mané Garrincha, em Brasília. E quem marcou os gols foi Reinaldo, a prata da casa em quem todos apostavam - inclusive Zico, que chegou a pedir sua convocação para Seleção, lembram?
A última partida importante de Adriano pelo Flamengo foi às vésperas do tri, quando a equipe foi eliminada em casa da Copa do Brasil, no 1 a 1 com Coritiba. Ele entrou no lugar de Roma, que substituíra Reinaldo, titular ao lado de Edílson.
Seu último gol com o Manto foi em 14 de março, no Albertão, em Teresina, Piauí, na vitória sobre o River.
Na Itália, Adriano teve uma carreira surpreendente. Com poucas chances na Inter de Milão, foi emprestado em janeiro de 2002 à Fiorentina, pela qual marcou seis gols em 15 jogos na Série A 2001/02. No campeonato seguinte defendeu o Parma, que adquiriu 50% dos seus direitos federativos. Mandou 14 bolas para rede em 27 jogos pelo campeonato 2002/03. Uma média expressiva - de 0,5 por jogo - se considerarmos que o futebol italiano é pautado pela forte marcação.
Em 2003/04, mais gols. Nove pelo Parma e 12 pela Inter, para o qual regressou na janela que se abriu no mercado na passagem do ano. Seu retorno, aliás, foi tratado pessoalmente pelo todo-poderoso da Inter, Massimo Moratti, que aproveitou a crise do patrocinador do Parma para fazer sua investida. "Neste momento", declarou Moratti em dezembro, "estou concentrado em trazer o Adriano de volta. Este é seu segundo ano dele no Parma e está indo muito bem. Queremos ele de volta em Milão".
Esse é o cara. A prova viva de que craque o Flamengo faz em casa. Mas vende mal, muito mal.
segunda-feira, 26 de julho de 2004
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