segunda-feira, 26 de julho de 2004

Do tempo em que ele era pouco mais que um carregador de balizas
 

 
Li no Olé, principal diário esportivo argentino, um texto em que um comentarista local credenciava o brasileiro Adriano Leite Ribeiro como um dos cinco mais letais atacantes do planeta, no momento. E o argentino, um analista conceituado, escreveu isso antes da final de ontem. Ele deixava claro que temia Adriano. E com razão: Scooby, seu apelido,  fez simplesmente um golaço salvador quando o juiz já preparava o apito final.

O fato é que não há como assistir ao sucesso desse novo fenômeno sem sentir amargura e raiva. Não só de Edmundo Santos Silva, que o negociou. Mas de todo o sistema que impede o amadurecimento na Gávea de alguém que, para ser lapidado, só precisava de tempo e atenção. Sua trajetória no Fla foi muito instável. Não tenho todos os números, mas atualmente parece humor negro lembrar que Adriano foi reserva de ... Roma (!).

A última partida do atacante pelo Flamengo, se minha fonte estiver correta, foi em 21 de julho de 2001, na vitória de 2 a 0 sobre o Nacional do Uruguai, pela Copa Mercosul. O jogo foi no estádio Mané Garrincha, em Brasília. E quem marcou os gols foi Reinaldo, a prata da casa em quem todos apostavam - inclusive Zico, que chegou a pedir sua convocação para Seleção, lembram?

A última partida importante de Adriano pelo Flamengo foi às vésperas do tri, quando a equipe foi eliminada em casa da Copa do Brasil, no 1 a 1 com Coritiba. Ele entrou no lugar de Roma, que substituíra Reinaldo, titular ao lado de Edílson.

Seu último gol com o Manto foi em 14 de março, no Albertão, em Teresina, Piauí, na vitória sobre o River.

Na Itália, Adriano teve uma carreira surpreendente. Com poucas chances na Inter de Milão, foi emprestado em janeiro de 2002 à Fiorentina, pela qual marcou seis gols em 15 jogos na Série A 2001/02. No campeonato seguinte defendeu o Parma, que adquiriu 50% dos seus direitos federativos. Mandou 14 bolas para rede em 27 jogos pelo campeonato 2002/03. Uma média expressiva - de 0,5 por jogo - se considerarmos que o futebol italiano é pautado pela forte marcação.

Em 2003/04, mais gols. Nove pelo Parma e 12 pela Inter, para o qual regressou na janela que se abriu no mercado na passagem do ano. Seu retorno, aliás, foi tratado pessoalmente pelo todo-poderoso da Inter, Massimo Moratti, que aproveitou a crise do patrocinador do Parma para fazer sua investida. "Neste momento", declarou Moratti em dezembro, "estou concentrado em trazer o Adriano de volta. Este é seu segundo ano dele no Parma e está indo muito bem. Queremos ele de volta em Milão".

Esse é o cara. A prova viva de que craque o Flamengo faz em casa. Mas vende mal, muito mal.

Flamengo Net

Comentários