Alfarrábios do Melo
Saudações flamengas a todos. Dida, Leonardo Silva, Juan, Manoel; Fabiano, Ibson, Wagner, Thiago Neves, Everton; Kleber, Forlán. Pouco mais de uma semana de inatividade, e já dá pra escalar um time bem razoável, apenas com o que foi ventilado na imprensa com rumores, especulações, fofocas ou simples engordas promovidas por empresários. Um troço insuportável, simplesmente impossível de comentar. E nem falei de Adriano, Júnior César, Ciro... Essa semana eu resgato um débito antigo, cumprindo um compromisso assumido neste post. Com certa surpresa, apurou-se que o jogo mais mencionado nos comentários foi a primeira partida da final da Mercosul-99, Flamengo 4-3 Palmeiras. Eu imaginava que o jogo do tri (gol do Pet) iria ser quase unânime. Mas, como nada que envolve Flamengo é previsível, aí vai, como prometido, um post sobre o jogo da Mercosul. Então, boa leitura. 1999. Imerso em forte crise, decorrente da melancólica e prematura eliminação de um Campeonato Brasileiro que chegou a liderar, cujo ápice foi o escândalo com prostitutas em Caxias do Sul, o Flamengo demonstra mais uma vez sua incrível capacidade de se reerguer, e em um mês já está novamente disputando um título, às voltas com a final da Copa Mercosul. Mas poucos acreditam no rubro-negro, especialmente pela força do adversário, o temido e poderoso Palmeiras. O alviverde paulista possui uma equipe equilibrada, sob o comando do cada vez mais prestigiado Luiz Felipe Scolari, multicampeão no Grêmio, de onde traz o lateral Arce e o atacante Paulo Nunes. Jogadores experientes, como Júnior Baiano, César Sampaio e Zinho alinham-se a nomes em ascensão, casos do goleiro Marcos, do meia Alex e do atacante Euler. A cereja do bolo é o colombiano Asprilla, estrela internacional célebre por seu talento e suas confusões fora de campo. Enfim, um time fortíssimo, atual campeão da Libertadores, que busca a supremacia absoluta do continente vencendo também a Mercosul (torneio do qual é o atual campeão). O Flamengo, em baixa após Caxias, busca remontar a base campeã estadual. Sem Romário e Fábio Baiano, sumariamente afastados (o apoiador será perdoado no ano seguinte), o time aposta nos jovens Juan, Lê, Reinaldo e Leonardo Inácio, amparados pelos experientes Clemer, Célio Silva e Leandro Ávila, além de Athirson, Maurinho e Rodrigo Mendes. No ataque, o contestado Leandro Machado disputa vaga com o carismático Caio, xodó da torcida, destaque com gols importantes, mas que só rende quando entra no decorrer dos jogos. O onze flamengo, comandado por Carlinhos, possui alguma qualidade. Mas é aguerrido, e está mordido com o adversário, que o eliminara da Copa do Brasil em partida polêmica. Está magoado com a pilhéria, o sarcasmo, a ironia. E a história mostra que não é inteligente zombar de um Flamengo humilhado. As trajetórias das duas equipes acentuam o favoritismo palmeirense. Após um início claudicante, os paulistas atropelaram quem apareceu pelo caminho, com direito a goleadas de 7-0 no Racing e históricos 7-3 no Cruzeiro. O Flamengo se classificou na bacia das almas, ao golear o Universidad Chile por 7-0, num jogo místico. Nas Semifinais, impôs-se ao Peñarol, saindo com a vaga na marra após a violência uruguaia. A primeira partida final será no Maracanã. Em obras, para a disputa do Torneio de Verão patrocinado pela Fifa que será disputado em janeiro (sem representatividade ou legitimidade, pois não contará justo com o Palmeiras, campeão da Libertadores), o estádio tem sua capacidade reduzida, e apenas 20 mil ingressos são colocados à venda. Lamentável, pois os dois times jogarão bola digna das mais ilustres jornadas vividas pelo velho templo. O Flamengo vai a campo cauteloso, três volantes, Caio no banco. Mesmo assim, começa a partida de forma arrasadora, busca encurralar desde o início. Preguiçoso, autoconfiante e algo arrogante, o Palmeiras se deixa dominar. O resultado é rápido, com cinco minutos Reinaldo perde boa chance, Marcos manda a escanteio. Na cobrança de Iranildo, a bola é escorada, atravessa toda a área e aparece limpa para Juan fulminar de cabeça e abrir o placar. Flamengo 1-0. O gol dá confiança ao jovem time flamengo, mas o respeito ao adversário é vivo. O time recua, o Palmeiras passa a dominar, cria chances, acossa Clemer. Cada minuto se torna angustiante para o torcedor flamengo, mas justo quando a agonia parece perto do fim, surge uma falta do lado direito do ataque palmeirense. Falta um minuto para o intervalo. Arce cruza, Clemer sai estabanado e esbarra em Célio Silva. A bola ri do goleiro desastrado e se oferece a Júnior Baiano, que manda pro gol vazio. É o empate palmeirense, e em igualdade os dois times descem pro vestiário. Sabendo que o resultado não o favorece, Carlinhos saca o apagado Iranildo e coloca Caio, que irá atuar mais recuado. A alteração dá certo, o time volta mais aceso, e um belíssimo voleio de Caio, obrigando Marcos a voar a córner, incendeia o estádio. Mas o Palmeiras não se abala, assusta em contragolpes. O jogo fica interessante, franco, aberto. A garotada flamenga tenta imprimir velocidade, o visitante quer cadenciar a bola. Desse duelo entre o ímpeto e a classe surgirá um dos mais impressionantes momentos que o futebol terá sido capaz de proporcionar. Algo mágico, intenso, alucinante, orgiástico. Simplesmente inesquecível. 22 minutos, escanteio para o Palmeiras. Arce na cobrança, Caio escora mal, Galeano manda de volta pra área, Asprilla, esperto, se antecipa a Clemer e entra de cabeça. É a virada palmeirense. O estádio, atônito, sente o golpe, o time se atordoa, o Palmeiras agora parece senhor do jogo e do campeonato. Toca a bola manhoso, os flamengos batem cabeça. A apressada transmissão paulistana já fala em goleada. Mas Reinaldo apanha uma bola na intermediária, abaixa a cabeça e corre. Corre, deixa Júnior Baiano pra trás, cruza torto, a bola se perde, Leandro Machado vai buscar e cruza. Caio vem na corrida e escora com precisão, no contrapé de Marcos, empatando a partida, aos 25’. Bastaram três minutos para a reação flamenga. Mas o balé ainda está apenas no começo. Empolgado, o Flamengo avança suas linhas e se descuida. Uma bola perdida no meio será fatal. Zinho recebe e chama Asprilla, que avança com a bola e olha. O passe é mortal, açucarado, tenro, encontra Paulo Nunes inteiramente livre para rolar no canto. Temos 27’, e o Palmeiras está novamente na frente. Sua torcida festeja, tripudia, os jogadores dão pulinhos comemorando. O Flamengo dá a saída, toca uma correria nervosa, Caio recebe e busca a tabela com Leandro Machado, que faz a parede e devolve ao xodó, que entra como uma flecha e arremata seco, no canto. 28’, o Flamengo empata novamente o jogo, que vira uma loucura lúbrica de gols, uma luta aberta de boxe com franca troca de golpes. O estádio, excitado, grita, não está lotado mas dane-se, o barulho é infernal, aos 29’ Caio entra livre mas se atrapalha com a bola e perde a chance da virada. Agora o jogo é todo flamengo. A garotada de Carlinhos verdadeiramente acua o gigante palmeirense em seu campo, Felipão enche o time de volantes e zagueiros, quer segurar o empate. Mas o Flamengo está implacável, cria uma chance atrás da outra. A improvável virada parece iminente. Até que, aos 39’, surge um escanteio. Athirson cobra, Arce afasta de cabeça. Célio Silva pega a sobra, livra-se de Alex e devolve a Athirson. O cruzamento sai melífluo, sensual. Reinaldo, o garoto Reinaldo, roça de cabeça, o suficiente para que a bola esboce uma trajetória matreira, que engana completamente o “monstro” Marcos, inerte, estático, incrédulo como um gigante abatido. A bola vai repousar placidamente ao pé da trave, aconchegada mansa dentro do gol. Um quadro lírico, que contrasta com a festa infernal de uma torcida, que com 20 mil é capaz de fazer do Maracanã uma panela. Isso é Flamengo, porra! Após o quarto gol, não há força da natureza capaz de tirar a vitória do Flamengo. Jogadores, comissão técnica, torcedores, São Judas, todo mundo defende a cidadela flamenga, e súbito o poderoso Palmeiras se torna pequeno. Como pequenos se tornam todos os que vivem o dissabor de afrontar a sagrada comunhão entre o Flamengo e sua imensa Nação. É nesse momento que se percebe porque aquilo que seria uma mera instituição esportiva se torna uma religião, um fator de identidade, uma razão de vida. Poucos dias mais tarde, a garotada flamenga irá calar um estádio e confirmar o título da Mercosul em outra ciranda de gols. Mas, mais importante do que mais uma conquista internacional, é a demonstração de que, por mais que tripudiem, que tentem diminuir sua grandeza, que procurem tratá-lo como uma banal agremiação, o Flamengo sempre, a seu tempo, ressurge ainda mais forte, ainda mais poderoso, ainda mais invejado, amado, odiado e cultuado. Porque existem clubes de futebol. E existe o Flamengo.
Saudações flamengas a todos. Dida, Leonardo Silva, Juan, Manoel; Fabiano, Ibson, Wagner, Thiago Neves, Everton; Kleber, Forlán. Pouco mais de uma semana de inatividade, e já dá pra escalar um time bem razoável, apenas com o que foi ventilado na imprensa com rumores, especulações, fofocas ou simples engordas promovidas por empresários. Um troço insuportável, simplesmente impossível de comentar. E nem falei de Adriano, Júnior César, Ciro... Essa semana eu resgato um débito antigo, cumprindo um compromisso assumido neste post. Com certa surpresa, apurou-se que o jogo mais mencionado nos comentários foi a primeira partida da final da Mercosul-99, Flamengo 4-3 Palmeiras. Eu imaginava que o jogo do tri (gol do Pet) iria ser quase unânime. Mas, como nada que envolve Flamengo é previsível, aí vai, como prometido, um post sobre o jogo da Mercosul. Então, boa leitura. 1999. Imerso em forte crise, decorrente da melancólica e prematura eliminação de um Campeonato Brasileiro que chegou a liderar, cujo ápice foi o escândalo com prostitutas em Caxias do Sul, o Flamengo demonstra mais uma vez sua incrível capacidade de se reerguer, e em um mês já está novamente disputando um título, às voltas com a final da Copa Mercosul. Mas poucos acreditam no rubro-negro, especialmente pela força do adversário, o temido e poderoso Palmeiras. O alviverde paulista possui uma equipe equilibrada, sob o comando do cada vez mais prestigiado Luiz Felipe Scolari, multicampeão no Grêmio, de onde traz o lateral Arce e o atacante Paulo Nunes. Jogadores experientes, como Júnior Baiano, César Sampaio e Zinho alinham-se a nomes em ascensão, casos do goleiro Marcos, do meia Alex e do atacante Euler. A cereja do bolo é o colombiano Asprilla, estrela internacional célebre por seu talento e suas confusões fora de campo. Enfim, um time fortíssimo, atual campeão da Libertadores, que busca a supremacia absoluta do continente vencendo também a Mercosul (torneio do qual é o atual campeão). O Flamengo, em baixa após Caxias, busca remontar a base campeã estadual. Sem Romário e Fábio Baiano, sumariamente afastados (o apoiador será perdoado no ano seguinte), o time aposta nos jovens Juan, Lê, Reinaldo e Leonardo Inácio, amparados pelos experientes Clemer, Célio Silva e Leandro Ávila, além de Athirson, Maurinho e Rodrigo Mendes. No ataque, o contestado Leandro Machado disputa vaga com o carismático Caio, xodó da torcida, destaque com gols importantes, mas que só rende quando entra no decorrer dos jogos. O onze flamengo, comandado por Carlinhos, possui alguma qualidade. Mas é aguerrido, e está mordido com o adversário, que o eliminara da Copa do Brasil em partida polêmica. Está magoado com a pilhéria, o sarcasmo, a ironia. E a história mostra que não é inteligente zombar de um Flamengo humilhado. As trajetórias das duas equipes acentuam o favoritismo palmeirense. Após um início claudicante, os paulistas atropelaram quem apareceu pelo caminho, com direito a goleadas de 7-0 no Racing e históricos 7-3 no Cruzeiro. O Flamengo se classificou na bacia das almas, ao golear o Universidad Chile por 7-0, num jogo místico. Nas Semifinais, impôs-se ao Peñarol, saindo com a vaga na marra após a violência uruguaia. A primeira partida final será no Maracanã. Em obras, para a disputa do Torneio de Verão patrocinado pela Fifa que será disputado em janeiro (sem representatividade ou legitimidade, pois não contará justo com o Palmeiras, campeão da Libertadores), o estádio tem sua capacidade reduzida, e apenas 20 mil ingressos são colocados à venda. Lamentável, pois os dois times jogarão bola digna das mais ilustres jornadas vividas pelo velho templo. O Flamengo vai a campo cauteloso, três volantes, Caio no banco. Mesmo assim, começa a partida de forma arrasadora, busca encurralar desde o início. Preguiçoso, autoconfiante e algo arrogante, o Palmeiras se deixa dominar. O resultado é rápido, com cinco minutos Reinaldo perde boa chance, Marcos manda a escanteio. Na cobrança de Iranildo, a bola é escorada, atravessa toda a área e aparece limpa para Juan fulminar de cabeça e abrir o placar. Flamengo 1-0. O gol dá confiança ao jovem time flamengo, mas o respeito ao adversário é vivo. O time recua, o Palmeiras passa a dominar, cria chances, acossa Clemer. Cada minuto se torna angustiante para o torcedor flamengo, mas justo quando a agonia parece perto do fim, surge uma falta do lado direito do ataque palmeirense. Falta um minuto para o intervalo. Arce cruza, Clemer sai estabanado e esbarra em Célio Silva. A bola ri do goleiro desastrado e se oferece a Júnior Baiano, que manda pro gol vazio. É o empate palmeirense, e em igualdade os dois times descem pro vestiário. Sabendo que o resultado não o favorece, Carlinhos saca o apagado Iranildo e coloca Caio, que irá atuar mais recuado. A alteração dá certo, o time volta mais aceso, e um belíssimo voleio de Caio, obrigando Marcos a voar a córner, incendeia o estádio. Mas o Palmeiras não se abala, assusta em contragolpes. O jogo fica interessante, franco, aberto. A garotada flamenga tenta imprimir velocidade, o visitante quer cadenciar a bola. Desse duelo entre o ímpeto e a classe surgirá um dos mais impressionantes momentos que o futebol terá sido capaz de proporcionar. Algo mágico, intenso, alucinante, orgiástico. Simplesmente inesquecível. 22 minutos, escanteio para o Palmeiras. Arce na cobrança, Caio escora mal, Galeano manda de volta pra área, Asprilla, esperto, se antecipa a Clemer e entra de cabeça. É a virada palmeirense. O estádio, atônito, sente o golpe, o time se atordoa, o Palmeiras agora parece senhor do jogo e do campeonato. Toca a bola manhoso, os flamengos batem cabeça. A apressada transmissão paulistana já fala em goleada. Mas Reinaldo apanha uma bola na intermediária, abaixa a cabeça e corre. Corre, deixa Júnior Baiano pra trás, cruza torto, a bola se perde, Leandro Machado vai buscar e cruza. Caio vem na corrida e escora com precisão, no contrapé de Marcos, empatando a partida, aos 25’. Bastaram três minutos para a reação flamenga. Mas o balé ainda está apenas no começo. Empolgado, o Flamengo avança suas linhas e se descuida. Uma bola perdida no meio será fatal. Zinho recebe e chama Asprilla, que avança com a bola e olha. O passe é mortal, açucarado, tenro, encontra Paulo Nunes inteiramente livre para rolar no canto. Temos 27’, e o Palmeiras está novamente na frente. Sua torcida festeja, tripudia, os jogadores dão pulinhos comemorando. O Flamengo dá a saída, toca uma correria nervosa, Caio recebe e busca a tabela com Leandro Machado, que faz a parede e devolve ao xodó, que entra como uma flecha e arremata seco, no canto. 28’, o Flamengo empata novamente o jogo, que vira uma loucura lúbrica de gols, uma luta aberta de boxe com franca troca de golpes. O estádio, excitado, grita, não está lotado mas dane-se, o barulho é infernal, aos 29’ Caio entra livre mas se atrapalha com a bola e perde a chance da virada. Agora o jogo é todo flamengo. A garotada de Carlinhos verdadeiramente acua o gigante palmeirense em seu campo, Felipão enche o time de volantes e zagueiros, quer segurar o empate. Mas o Flamengo está implacável, cria uma chance atrás da outra. A improvável virada parece iminente. Até que, aos 39’, surge um escanteio. Athirson cobra, Arce afasta de cabeça. Célio Silva pega a sobra, livra-se de Alex e devolve a Athirson. O cruzamento sai melífluo, sensual. Reinaldo, o garoto Reinaldo, roça de cabeça, o suficiente para que a bola esboce uma trajetória matreira, que engana completamente o “monstro” Marcos, inerte, estático, incrédulo como um gigante abatido. A bola vai repousar placidamente ao pé da trave, aconchegada mansa dentro do gol. Um quadro lírico, que contrasta com a festa infernal de uma torcida, que com 20 mil é capaz de fazer do Maracanã uma panela. Isso é Flamengo, porra! Após o quarto gol, não há força da natureza capaz de tirar a vitória do Flamengo. Jogadores, comissão técnica, torcedores, São Judas, todo mundo defende a cidadela flamenga, e súbito o poderoso Palmeiras se torna pequeno. Como pequenos se tornam todos os que vivem o dissabor de afrontar a sagrada comunhão entre o Flamengo e sua imensa Nação. É nesse momento que se percebe porque aquilo que seria uma mera instituição esportiva se torna uma religião, um fator de identidade, uma razão de vida. Poucos dias mais tarde, a garotada flamenga irá calar um estádio e confirmar o título da Mercosul em outra ciranda de gols. Mas, mais importante do que mais uma conquista internacional, é a demonstração de que, por mais que tripudiem, que tentem diminuir sua grandeza, que procurem tratá-lo como uma banal agremiação, o Flamengo sempre, a seu tempo, ressurge ainda mais forte, ainda mais poderoso, ainda mais invejado, amado, odiado e cultuado. Porque existem clubes de futebol. E existe o Flamengo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTE AQUI A PARTIR DE HOJE.