quinta-feira, 1 de março de 2012

A poesia de Joel e seus três volantes

Não conheço muita coisa do poeta inglês John Donne exceto a frase em negrito que destaquei do parágrafo abaixo:

Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa ficará diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por vós.

Donne sabia das coisas. Se você teve paciência para ler todo o texto,vai entender que é sobre como o todo é formado por pequenas partes. Cada pedaço de nós eventualmente levado pelas águas do destino nos diminui, nos torna menores do que somos. O inglês não era flamenguista apenas porque morreu antes do Flamengo nascer, mas certamente complementaria seu trabalho com a relação poética de Joel Santana com seus três volantes se vivesse nos dias de hoje.

Afinal, a cada vez que Joel insiste em escalar três cabeças de área - sendo o terceiro jamais substituído, o que daria uma bela elegia "Ode à Abreu", "Minha imutável perna esquerda" ou algo assim - o Flamengo assume seu compromisso com a forma mais fácil de conseguir resultados e de dividir o time entre operários e picas, aqueles que farão o que podem (marcar) e o que sabem (jogar).

E assim, segue Joel que veio para substituir um técnico que repetia a velha e chatíssima "árvore de Natal" (o 4-3-2-1), mas que mantém rigorosamente o mesmo esquema piorando de forma implacável como um verso que salta aos olhos. "Salta aos olhos", expressão que significa se impressionar, arregalar o olhar com algo estupefante. Tudo o que o Flamengo de Joel ainda não fez e tenho dúvidas sinceras se fará.

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Tiago Cordeiro tenta ser otimista todas as quintas por aqui. Nem sempre dá. Enquanto não consegue escreve lá no Cronista Esportivo.

Flamengo Net

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