quarta-feira, 2 de julho de 2008

COLUNA DE QUARTA-FEIRA - João Marcelo Maia

Geografia rubro-negra

Há alguns dias atrás li num jornal que o restaurante Le Coin seria vendido. Nada de mais, não fosse este estabelecimento do Leblon um tradicional ponto de encontro de dirigentes e torcedores ilustres do Flamengo há décadas, e não fosse o potencial comprador um torcedor da Colina. Diante desse cenário, inúmeras vozes já se levantaram, preocupadas com o eventual desaparecimento do local ou mesmo com uma possível descaracterização. Eu nunca fui ao Le Coin, mas sempre gostei da idéia de que cada time teria uma espécie de cidade particular dentro do Rio de Janeiro, delimitada por certos bares, restaurantes, trajetos. Qual seria a rubro-negra?

O Leblon é o local mais óbvio para começarmos, já que é o bairro onde a "Gávea" está situada. Pensaria logo no Clipper, bar na esquina da Ataulfo de Paiva com Carlos Góis e conhecido ponto de comemoração da torcida rubro-negra na Zona Sul. Como prova do caráter nacional do Flamengo, em grandes jogos da Copa do Mundo muita gente vai pra lá também. Logo ali, do lado da sede, temos a Cobal, espécie de hortifruti para cachaceiros. São inúmeros bares e uma área livre comum vigiada por um enorme telão, geralmente assistido por torcedores do Cósmico. De minha casa, razoavelmente distante, costumo ouvir os gritos de gol da torcida, o que muito me angustia quando o jogo é fechado para televisão a cabo e me sobra a internet.

Saindo da orla em direção ao Centro e à Zona Norte, eu estacionaria em Botafogo, bairro em que o boteco Salvação oferece adequado ambiente para os flamengos. Já no coração do Rio qualquer lugar estaria bom. Epicentro do movimento urbano carioca, o Centro abriga trabalhadores, flanelinhas, executivos, estudantes, boêmios, putas e demais representantes honorários da nossa fauna citadina. Recomendaria uma cerveja na Rua do Ouvidor, entre a Primeira de Março e a Rua do Mercado. Ali temos a Folha Seca, livraria que tem como sócio um notório rubro-negro especializado em Rio, Flamengo e adjacências. É ponto nevrálgico da nossa geografia.

Pegando o trem na Central do Brasil, não saltaria em São Cristóvão, mas sim na Mangueira. A despeito de ser portelense, difícil não reconhecer na verde-rosa uma certa pulsação rubro-negra, talvez motivada pela própria localização da escola. O Maracanã, nosso estádio, está ali ao lado. E logo perto do portão 18 temos aquele barzinho clássico que é ponto de encontro preferido de inúmeras organizadas. Outra cerveja por lá. Já na Tijuca, fui informado que o bar Colúmbia era parada obrigatória para churrasco e cevada da torcida Flamigos. E daí para cima e para oeste, a cidade seria cada vez mais rubro-negra. Quintino está aí para nos provar.

Mas nossa geografia não se limita ao Rio, é claro. Ela conforma uma nação imaginada, mas ainda assim real e vibrante, espraiada por biroscas, armazéns e restaurantes dos sertões e praias do Brasil. Como a nossa audiência é nacional, será que os leitores saberiam indicar outros pontos para desenhar essa geografia rubro-negra? Mesmo os cariocas estão convidados a completarem nosso mapa.Aguardo as dicas...

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