quinta-feira, 24 de abril de 2008

Trabalho para o próximo técnico

É fato conhecido, não é de hoje: o ataque do Flamengo depende de seus laterais. Por conta disso, desde a era Ney Franco, o time é armado em função dos dois. Já jogou no 3-6-1, já escalou volante como falso zagueiro e, ultimamente, tem apelado para um meio de campo sem nenhum armador. Tudo isso para cobrir os avanços de Léo Moura e Juan.

Acho que já escrevi isso aqui: o grande problema é que o time vem sendo armado para defender sem os dois laterais, e não para atacar com eles. Todo um esquema é preparado para que a defesa não sinta a falta dos dois, que se lançam à frente como se não houvesse amanhã. Porém, na hora de atacar, a única estratégia é: bola pra eles, que eles resolvem. Sozinhos! Assistam ao VT de qualquer jogo do Flamengo - o de ontem mesmo pode ser bastante útil para esta observação. A bola vai para um dos laterais, que encara a marcação do adversário, homem a homem; nenhum companheiro se aproxima para uma tabela, ou para confundir a marcação, nada. Ele é obrigado a tentar a jogada individual.

Como os dois são realmente bons jogadores - admitam! -, até que isso dá certo com alguma frequência. Porém, nos tornamos um time óbvio e toda vez que encaramos um time mais fechado na defesa, ou que conheça o Flamengo razoavelmente e prepare uma cobertura um pouco mais eficiente pelas laterais, a coisa fica complicada. Invariavelmente ficamos sem jogada e os dois tendem a ir para o meio tentar resolver a parada (o que, afinal, se tornou responsabilidade deles). Só no Flamengo há esta inovação tática no futebol mundial, que ontem pudemos mais uma vez observar: os dois laterais tabelando, um com o outro, pelo meio da defesa adversária. Coisa de louco!

(Tenho inclusive a impressão de que essa mania do Souza de sair da área pra tentar jogadas na ponta esquerda tem a ver com isso: ele percebe o espaço vazio e resolve aproveitar. Só não se dá conta que seria função dele mesmo estar na área para aproveitar o próprio cruzamento.)

Teremos agora mata-mata de Libertadores pela frente. Encararemos, se Deus quiser, quatro adversários consecutivos que provavelmente virão fechados para o Maracanã. Jogadas individuais dos laterais pelo meio, tentando vencer dezessete zagueiros amontoados pela frente, não serão a melhor maneira de vencer retranca nenhuma e as bolas perdidas por ali, no meio, com defensores longe de seus postos, serão um convite a contra-ataques.

Portanto, trabalho pra quem vier por aí: arrumar assistência para Léo Moura e Juan. Se sozinhos eles já nos levaram até onde estamos, imaginem quando tiverem alguma ajuda.

Claro, seria bom ter um centro-avante na área também.

Flamengo Net

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