terça-feira, 16 de novembro de 2004

Emoção x Razão

A que ponto chegamos... de mãos atadas, vemos o Flamengo se afundar cada vez mais na vergonha, sem lembrar, nem de longe, o glorioso rubro-negro que conquistou o mundo. Está difícil separar emoção e razão, mas tendo diariamente fazer com que os dois lados convivam em harmonia, dosando o desespero e a frieza que cada um me faz sentir em cada instante.

Meu lado emocional grita, esperneia, chora copiosamente por uma tragédia anunciada. O Flamengo ganhará uma mancha em sua história? Não posso nem pensar! Como será o futuro? Teremos futuro? Futuro?

Mas quando entra em cena o lado racional, munido da calculadora, ciente das possibilidades, adversários, estatísticas, penso que estou na Primeira Divisão, e só não estarei mais nela quando for matematicamente comprovado que farei parte da Série B. Respiro fundo, ergo a cabeça, e espero pelas próximas rodadas. Faço as contas: um empate com o Botafogo não é tão ruim assim... Depois, pegamos Coritiba e Cruzeiro, times mortos neste Brasileiro, já que não vão a lugar algum. Pronto! Duas vitórias e estamos garantidos na elite pelo próximo ano.

Ih... lá vem o lado emocional mais uma vez... Como? Como assim, empate com o Botafogo? Se empatarmos com eles, seremos tomados por mais vergonha pressão, falta de estabilidade. A motivação estará destruída, ficaremos mergulhados na zona de rebaixamento, não pode! Não dá!

Dá, sim, diz o lado racional. Dá porque nesse momento, um empate com o Botafogo tem um gosto de vitória. É um time estruturalmente mais emocionado que o nosso. Além disso, uma semana longe da Gávea pode devolver a tranqüilidade ao grupo, que, ao mesmo tempo, ficará com as imagens das agressões na cabeça, e pode até utilizar isso como elemento de motivação, para sentir vergonha, para subir de novo.

Nem o lado racional nem o emocional concordam com as agressões ao jogadores. Bater nos caras não fará com que eles joguem mais. E ainda fará com que os que não têm nenhuma identificação com o clube fiquem com mais raiva do Flamengo e desliguem de vez no campo. E claro, até meu lado emocional sabe que quem foi ao aeroporto bater em jogador não é torcedor. É criador profissional de confusão. Mas com um trabalho amador.

Os dois lados ponderam, discutem e entram num acordo. Vão esperar pelo Botafogo. Seja roendo as unhas e tremendo, seja fazendo contas. Mas vão esperar.

Flamengo Net

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